quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Lamentos do meu destino.

Com seis meses de idade,
Dos meus pais fui enjeitado.
E sofrendo desventura
Me criei abandonado.
Hoje com tristeza eu canto,
Com o rosto banhado em pranto
Mas só eu conheço o tanto
Que vivo assim desprezado.

Neste mundo não existe
Quem sofra igualmente a mim.
Parece que já nasci
Para sofrer tanto assim.
Só chega crise e pobreza
Desilusão e tristeza,
Parece que a natureza
Também se esqueceu de mim.

Vivo no mundo jogado
Igualmente um peregrino.
Só, viajando e cantando,
Pelo sertão nordestino.
Porém, feliz eu não sou,
Que a sorte me abandonou
E o tempo ingrato trancou
As portas do meu destino.

Tenho guardado no peito
Um sentimento profundo.
E no silêncio da noite
Sozinho e meditabundo,
Olhando pra noite escura
Sinto a triste desventura
Que sou uma criatura
Que não tem prazer no mundo.

Em toda minha existência
Arranjei uma amizade,
Dediquei todo o amor
Só recebi falsidade.
Hoje não tenho alegria
Sem alguém que eu queria,
E só tenho por companhia
A viola e a saudade.

Foi logo na minha infância
Que começou meu tormento,
Por isso até hoje em dia
Não tenho contentamento.
Só vivo andando sem gosto
Sentindo grande desgosto,
Estas rugas do meu rosto
São provas do sofrimento.

E quem me julga feliz
Por me ver assim contente,
Não sabe quais as angústias
Que eu trago ocultamente.
É pesada a minha cruz
E esses martírios meus
Só quem sabe é eu e Deus
A dor que meu peito sente.

As dores que estou sentindo
Já não sei como suporte.
Só agüento porque tenho
O coração muito forte,
Minha esperança é perdida
Minha sentença cumprida.
Estou na cadeia da vida
E sentenciado a morte.

Eu de tanto me esforçar
Perdi a minha saúde,
E procurando encontrá-la
Já fiz o máximo que pude
Mas só encontrei piora,
Com certeza qualquer hora
Saberão que fui embora
Morar lá no Ataúde.

Quando eu fizer partida
Deste mundo de ilusão,
Levarei minha viola
Comigo no meu caixão.
Para lá na eternidade
Eu fazer uma serenata,
E esquecer aquela ingrata
Que feriu meu coração.

Aqui termino o poema
Com as graças do divino,
Este poema que fiz
De um sofredor nordestino.
E queira me desculpar
Se não saiu de agrado
Meu poema intitulado
Lamentos do meu destino.


Autor: Lafaiete Vaz.

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