sábado, 27 de novembro de 2010

O vaqueiro aboiando tange o gado, nas campinas desertas do sertão.

O herói do sertão é o vaqueiro,
Seu relógio é o galo quando canta,
Muito cego da rede se levanta
E arreia seu cavalo no terreiro,
Só a tarde é que vem da obrigação,
Vive assim de inverno a verão,
Não reclama o que faz, não tem enfado.
O vaqueiro aboiando tange o gado
Nas campinas desertas do sertão.

Feliz vive o vaqueiro sertanejo
No torrão que nasceu e foi criado,
Na luta já vive acostumado
Juntar o gado, tirar leite e fazer queijo,
Viver campeando é seu desejo
E fazendo o mandado do patrão,
Dá farelo, corta palma, dá ração
E seu cavalo está sempre arreado,
O vaqueiro aboiando tange o gado
Nas campinas desertas do sertão.

O vaqueiro é um grande nordestino,
No sertão o vaqueiro é cheio de glória,
A toada que canta é uma história,
O aboio é seu verdadeiro hino,
Viver campeando é seu destino,
Derrubando boi bravo com a mão,
Ele adora demais a profissão,
Não inveja doutor nem deputado,
O vaqueiro aboiando tange o gado
Nas campinas desertas do sertão.

Sua morada é na fazenda,
Seu trabalho é zelar os animais,
Cuidando de dois ou três currais,
Separando bois gordos para a venda,
O seu terno é feito de encomenda,
Botina gorda, peito e cinturão,
Perneira, chapéu de couro e gibão,
Tudo feito de couro de veado,
O vaqueiro aboiando tange o gado
Nas campinas desertas do sertão.

Quando há seca na terra nordestina
Para o vaqueiro é grande o sofrimento,
Com a falta de água e alimento
Para o gado que come na campina.
Ninguém sabe informar quando termina
Essa triste amargura do verão
E o gado só tem como ração
Xiquexique e mandacaru assado,
O vaqueiro aboiando tange o gado
Nas campinas desertas do sertão.

No sertão o herói é o vaqueiro,
Seu trabalho é correto e garantido,
O seu terno de couro é colorido
Pela tinta da casca do pereiro,
Seu ajudante é o cachorro perdigueiro
Mestiço de pastor alemão
Feijão de corda é a sua refeição
Com farinha de milho e bode assado,
O vaqueiro aboiando tange o gado
Nas campinas desertas do sertão.

Lafaiete Pacheco Vaz.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Brasil Caboclo

Brasil do agricultor
Que mora numa palhoça,
O seu trabalho é na roça
Mas ninguém lhe dá valor.
Ele é o trabalhador
Que cuida da plantação,
Que planta milho e feijão,
Limpa mato, arranca toco,
Neste Brasil de caboco,
De mãe preta e pai João.

Brasil de festa de gado,
Maracatu e forró,
De ciranda e carimbo,
De novena e de reisado,
De pastoril e xaxado,
De carnaval e baião,
De corrida de mourão,
Mazurca e samba de coco,
Neste Brasil de caboco,
De mãe preta e pai João.

Meu sertão de cantoria
E de forró de latada,
De prado e de cavalhada,
Futebol e pescaria,
De reza e de romaria
E de rodeio de peão,
De festa de São João
Numa sala de reboco,
Neste Brasil de caboco,
De mãe preta e pai João.

O Brasil de violeiro,
De Inácio da Catingueira,
De Romano do Teixeira
E de Pinto do Monteiro,
De Zé Limeira e Granjeiro
E Manoel do Riachão,
De Patativa e Canção,
De Tonico e Tinoco,
Neste Brasil de caboco,
De mãe preta e pai João.

Sertão de Antonio Silvino,
De canário e curió,
Gato e cobra de cipó,
De bala seca e levino,
Do famoso Virgulino
Apelido Lampião,
Foi o terror do sertão,
No punhal, rifle e no soco,
Neste Brasil de caboco,
De mãe preta e pai João.

O vaqueiro sertanejo
Todo dia tange o gado,
Do curral para o cercado
Tira o leite e faz o queijo,
Gosta muito de festejo,
De festa de apartação,
De corrida de mourão
Sua vida é no sufoco,
Neste Brasil de caboco,
De mãe preta e pai João.

Lafaite Vaz